E, pela primeira vez em sua vida, ela não queria mais
um amor de livros, um amor de filmes ou um amor de novelas. Ela estava cansada
de procurar por esse tipo de amor, porque ela sabia que isso não a levaria a
nada. É claro que ela ainda ficava encantada com seus personagens favoritos, é
óbvio que ela ainda sonhava em um dia ganhar o coração de um homem, em brincar
de casinha com o amor de sua vida. Mas não naquele momento. Naquele momento ela
queria paz. Ela queria sossego, ela queria diversão. Mas ela não conseguiria. É
claro que não conseguiria. Ela nunca conseguiu em sua vida, por qual motivo
isso mudaria agora? Justo no momento em que ela parou de sonhar com um amor
duradouro, seu coração resolveu contrariá-la. Seu coração escolheu uma fixação.
Ela sabia que não era amor, mas ela nunca quis tanto alguém de um modo tão
não-romântico. E essa fixação se intensificou aos poucos, até ela perceber que
estava ficando louca. Ela queria fugir, mas não podia. Quando ela finalmente
resolveu parar de sonhar, um pesadelo invadiu sua vida.
sábado, 22 de dezembro de 2012
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Acorde
E
mais uma vez lá estava ela. Olhando para o nada, pensando no tudo. Ela queria
poder dizer tantas
coisas.
Queria que o mundo fosse mais justo. Ou, talvez, que o mundo a tratasse melhor.
Ela só conseguia pensar em uma coisa, mesmo sendo essa a coisa na qual ela mais
detestava pensar. Ela estava dominada por um sentimento há muito tempo
conhecido. Um sentimento de posse, de ciúmes. Ela estava triste, de verdade.
Ela achava que não merecia aquelas cenas. Ela não acreditava que havia feito
algo ruim o suficiente para ter que assistir, todos os dias, às mesmas trocas
de carinho - ou não - entre as pessoas que ela não conseguia evitar observar.
Aquilo havia virado instinto. Olhar para eles sempre que possível. Ela não se
importava mais se alguém descobrisse tudo - havia ainda, no mundo, alguém que
não soubesse? - ela achava que não. Ela sempre foi dramática demais, e isso
nunca ajudou em nada. Ela escrevia na terceira pessoa, pois odiava mostrar
vulnerabilidade. Ela odiava chorar. Mesmo que no escuro, sozinha e em silêncio.
Ela pensava no seu mais frequente problema todos os dias, e não via maneira
alguma de solucioná-lo. Ela estava começando a não se importar. Ou pelo menos
era isso que ela dizia a si mesma todos os dias.
Ela
queria acordar, mas percebeu que tudo era real, e que aquele não-sonho não
tinha previsão de acabar.
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Honestidade
O
meu problema - ou um deles, na verdade - é que eu segui muito à sério um
conselho. Um conselho clichê, que quase todos já ouviram ou leram. Aquele
conselho simples e famoso, que está em uma bela música “É preciso amar as pessoas como se não
houvesse amanhã”, lembra? Eu segui esse conselho, e me dei mal. Não
que o amor seja uma coisa ruim. Longe disso. É só que, como todas as outras
coisas, amor em excesso faz mal. E não adianta dizer que quanto mais amor,
melhor. Porque, afinal, o que você diz quando vê alguém que é - ou tenta ser -
amigo de todos? Você diz que é falsidade. Se você não diz, você pensa. Então,
de tanto amar, de tanto demonstrar, uma hora fui tachada de falsa. Aqueles “eu
te amo” que viraram “bom-dia” para a sociedade, sabe? Eles são um resultado
desse tão distribuído conselho.Talvez eu tenha mesmo dito muitos “eu te amo” de
uns tempos pra cá. Mas, posso garantir, cada um deles foi real. Eu realmente
amo/amava as pessoas para as quais eu disse tal frase. Só que às vezes o amor
não é suficiente. Às vezes ele é passageiro. Porque existem várias formas
de amor, e nem todas elas duram para sempre.
Sem
querer ser intrometida, mas já sendo, eu gostaria de fazer uma mudança nesse
conselho. De agora em diante, ao invés de dizer isso, eu passarei a dizer algo
semelhante a “Ame, mas escolha quem amar, sempre que possível. E não demonstre
até que seja estritamente necessário.” Até porque, demonstração de amor demais,
além de ser chata, ser tachada como falsidade, e uma hora cansar, pode ser em
vão.
sábado, 22 de setembro de 2012
Evolução
Desejo de crescer, de evoluir, de deixar para trás velhos interesses,
velhos amores, velhas histórias, velhas amizades. Vontade de largar tudo e
criar um novo começo, para assim ter o esboço de um meio bem mais divertido, e
de um fim que valha mais a pena. Sentimento de perda e de ganho existindo como
uma antítese, prevalecendo em seu coração. Perdeu algumas coisas, ganhou outras
melhores e piores. Sorriu mais, chorou menos. Mas mesmo assim ainda quer mudar.
Estabilidade nunca foi seu assunto. Não suporta ficar sempre na mesma página.
Precisa se movimentar, mesmo tendo preguiça de fazê-lo. Sorri para todos, mesmo
que saiba que o sorriso em resposta será falso, porque não deseja obstáculos em
sua evolução. Não quer que ninguém deseje seu mal. Ela apenas quer deixar de
ser uma criança para se tornar uma mulher. Mas sabe que isso nunca acontecerá,
já que seu lado criança é o melhor que ela tem.
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
Falha
Pare
e pense. O que você estava fazendo há exatamente um ano atrás? Há 365 dias, que
tipo de coisa ocupava sua mente? Quem era sua paixão, sua melhor amiga, a
pessoa que você menos gostava, seu professor favorito, a matéria que você mais
curtia, que tipo de filmes você gostava de assistir. Pense em tudo isso.
Parecem bobos os seus antigos pensamentos? Tente se recordar mais
profundamente. Você lembra desse dia exato? A que lugares você foi? Quem você
viu? Provavelmente você não sabe, a não ser que exista algo que marque essa
data para você. Existe apenas uma justificativa para seu possível não
conhecimento de tais informações. A mente humana é falha. A memória não é muito
duradoura. E agora pense no futuro. Você quer lembrar desse dia daqui a um ano?
E daqui a 10 anos, você quer saber o que fazia hoje? “A vida é curta” - É
clichê mas é verdade. Então vá, pessoa, e cuide da sua vida do jeito que você
acha que deve cuidar hoje. Porque amanhã pode ser tarde demais.
domingo, 22 de julho de 2012
Insubstituível
Sentia
como se aquilo fosse se tornar uma cena de filme. Ela já podia até mesmo
imaginar cada uma das falas. Imaginava sua expressão atormentada ao citar cada
uma das características daquele que ela com tanta convicção negava. Ela sabia
que, ao enumerá-las para alguém que tivesse alguma intenção com o mesmo, se
sentiria mal. Ciúmes ferveriam seu sangue. Ela podia imaginar cada linha do
diálogo. “Você vai amar o jeito que ele tem de fazer sorrir, mesmo quando as
piores coisas estão acontecendo. Amará sua fixação por crianças. Achará lindo o
fato de ele prestar atenção a tudo aquilo que lhe é dito. Sentirá afeição por
aquele sorriso bobo de ciúmes por toda e qualquer paixão platônica que você
vier a ter. Você será encantada todos os dias pelo carinho que ele possui em seu
interior. Sentirá necessidade da companhia dele, mesmo que negue isso.” Ela
imaginava sua expressão facial ao dizer cada uma daquelas coisas. Mas ela não
tinha ideia do sofrimento que causaria a última frase. “Só, por favor, não o
deixe ir. Ele é insubstituível.”
terça-feira, 12 de junho de 2012
Enjôo
E lá estava eu. Aquela menina romântica, que
acreditava no amor acima de tudo, que sonhava em pertencer a um conto de fadas,
que achava lindo o amor de um casal, e acreditava que ter o coração partido era
apenas parte do processo, já que tudo melhoraria com a chegada de alguém que
fizesse a dor valer a pena. Eu estava lá, saturada de tantas decepções e
desilusões. Estava, como sempre, rodeada de felicidade. Pela primeira vez na
vida, aquela felicidade me deu enjoo. E eu, completamente cansada de
sofrer, não aguentava mais assistir a aquelas cenas. E eu sabia que não
adiantaria virar a cabeça, porque cenas piores me atingiriam. Cenas
responsáveis pela destruição da menininha inocente, que gostava de filmes
românticos e sonhava em ter uma história como aquelas um dia, que costumava
crer que isso poderia acontecer. Aquelas eram as cenas mais impactantes, e eu
nada podia fazer para ignorar a existência das mesmas. Sempre fui fofa e
romântica. Mas, para ser franca, o amor tem me dado nos nervos ultimamente.
terça-feira, 22 de maio de 2012
Mensagem
Dez e meia da noite de uma sexta-feira qualquer, ela
assistiu àquelas cenas a semana toda por tempo demais, e estava extremamente
saturada. Pega o telefone do bolso e procura por aquele número que já havia
tantas vezes tentado deletar.
“Oi, você provavelmente não tem o meu número, e não sabe
quem é, mas logo logo vai descobrir. Só lê. Não fala nada, não pára de ler, não
apaga essa mensagem antes de terminar, porque você pode até não querer saber
disso, mas é o melhor para você. Então, eu sei que você já não aguenta mais
olhar para a minha cara, e está extremamente grata por esse intervalo gigante
de tempo em que ficaremos sem nos ver. Acredite, eu também estou feliz com ele.
É só que eu soube, esses dias, de umas coisas. Soube do teu namorado, aquele
que você ama tanto. Então, ele não é o príncipe que você tanto queria que ele
fosse. Ele fala mal de você, ri das piadas que as pessoas fazem pelas suas
costas, e só está com você por conforto, comodidade, preguiça e falta de uma
opção melhor. É, isso mesmo. Ele é um sapato, querida. Ele é o tipo de pessoa
que você pode usar apenas como objeto, porque ele não sabe retribuir qualquer
outro tipo de sentimento. E é por isso que eu odeio tanto vocês dois juntos.
Porque eu sei que, não importando o quanto eu não vá com a sua cara, que vai
sair mal da história é você. É você que vai chorar, vai sofrer e vai se
lamentar, e eu sinto muito por isso. Mentira, eu não sinto por isso. Eu sinto
por toda essa perda de tempo que isso tem sido. Pra você, pra ele e pra mim
também. E, daqui há um tempinho, quando tudo acabar, você vai ser obrigada a
conviver com ele. É, vai ser uma droga, eu garanto. Enfim, feliz aniversário
pra vocês, que esse pouco tempo que ainda resta consiga te fazer enxergar toda
a verdade.”
Ela lê e relê diversas vezes, e então clica ‘enviar’.
domingo, 22 de abril de 2012
Liberdade
Lembrei de você esses dias. Lembrei mais do que a
pontada de saudades que sempre habita o meu coração. Afinal, você é parte da
minha história, certo? Eu posso não estar sempre pensando em você, mas você vai
sempre estar lá, guardado na minha caixinha de memórias. Enfim, pensei em você
esses dias, sonhei contigo de um jeito que eu não sonhava há muito tempo. E foi
esse sonho que me trouxe tantas reflexões sobre tudo. Lembro que, por um
pequeno deslize, voltei aos hábitos antigos e pensei em você antes de dormir.
Sim, você, aquele que eu já disse tantas vezes ter esquecido. Quem diria que
você surgiria mais uma vez, hein? Acontece que surgiu. Pensei e repensei em
nossa longa e demorada história, e percebi que, apesar de não conviver mais
contigo, apesar de não ouvir ou pronunciar o seu nome quase nunca, você vai ter
sempre um lugar no meu coração. Porque esses anos todos de história não podem
se apagar assim, do nada, podem? Eu não creio que possam. E então eu penso.
Essa tal “história” da qual eu tanto falo. Ela existiu apenas para mim, certo?
Até porque, nós nunca tivemos nada. Mas até mesmo você é obrigado a admitir que
houve sim uma longa história entre nós. Não uma história de amor, ou pelo menos
não uma história de amor recíproco, mas uma história, sim. Pensei em tudo o que
eu já fiz que envolvia a sua pessoa, e em tudo o que já vivemos juntos. Bateu
uma saudade da época em que você era meu maior problema, sabia? E então, eu caí
no sono. Sonhei com um rosto qualquer, mas que eu sabia ser você. E, acredite
ou não, foi esse sonho que finalmente te libertou de mim. Esse sonho me fez
perceber que, por mais que eu vá sempre me importar com você, eu não tenho mais
a necessidade de te ver que eu sempre tive. É isso, você está livre. E eu vou
sempre torcer por você, mesmo que seja de longe. Não vou negar que sempre
baterá uma pontada de ciúmes em mim toda vez que eu souber que você está com
alguém, mas isso é inevitável, porque você foi o meu primeiro amor. E o primeiro
amor a gente nunca esquece, né?
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