Se levantou do chão e caminhou em passos longos e lentos
até o espelho mais próximo. Jogou todo o seu peso em seus braços, apoiando-se
na pia em frente ao espelho, e parou para observar à figura que encontrava à
sua frente. Via um rosto familiar, porém distorcido. A pele, normalmente
branca, estava rosada. O verde escuro de seus olhos estava
praticamente imperceptível em meio a todo aquele vermelho encharcado
que o envolvia. Uma cachoeira de fios emaranhados caía em mechas bagunçadas por
todos os lados, abaixo da altura de seus seios, passando e grudando em algumas
partes molhadas do rosto cansado. Seu lábio inferior estava branco, quase
invisível, de tão apertado pelo conjunto de dentes retos. O outro lábio tremia
incessavelmente, acompanhando os movimentos de seu nariz. Seus cílios estavam
encharcados e suas sobrancelhas, bagunçadas. Respirou fundo e então percebeu
que se aquela era a imagem que passava quando estava destruída, era melhor não
passar imagem nenhuma. Jogou uma água no rosto, estampou um sorriso e saiu andando,
como se nada tivesse acontecido.