quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Ficção

“-Hey! Não podes ir embora. Simplesmente não tens a autorização para cometer tal ato de tamanho desrespeito às consequências. Tens alguma ideia de que consequências sejam essas? Dor, meu querido, dor intensa e profunda. Sabes mais do que qualquer um que sou apenas uma menina em busca da tão falada felicidade. Sabes que me iludo com histórias fictícias de personagens imaginários, e que imagino com facilidade minha vida como uma dessas. Sabes que meu maior refúgio são palavras pertencentes a outras mentes que, impressas em um conjunto de páginas, me levam a um mundo de paz. Sabes que sonho em um dia ter chances de transportar minha própria história para um livro de contos que um dia servirá de refúgio para tantas outras que - assim como eu - precisam de um mundo criado para poderem se sentir bem. Sabes de tudo isso, e mesmo assim estás indo. Como ousa destruir assim o futuro? Um futuro que, além de ser nosso, seria também compartilhado com tantas almas necessitadas? Estás destruindo a chance de um aprendizado para tantas e tantas meninas ingênuas e ansiosas. Querido, isso é quase homicídio.
- E o que queres que eu faça, pequena? Que esqueça tudo aquilo que tanto nos feriu? Que eu desista do meu orgulho para que possa ter a ti como unicamente minha? Queres que eu faça com que tua vida se transforme em um desses livros de romance que tanto gostas de ler? Queres que eu seja o príncipe que procuras desde que ficou sabendo da existência, mesmo literal, dessa espécie? Queres que eu construa contigo uma história com - não apenas o final - mas um conteúdo feliz? Pequena, é isso que queres? Porque é uma ideia louca, simplesmente louca.

- Parece uma boa ideia para mim.”