segunda-feira, 22 de abril de 2013

Socorro

Deitou em sua cama e pensou. Fazia isso todas as noites, e facilmente pegava no sono. Naquela noite específica, no entanto, ela não dormiria tão facilmente. Aquele dia, além de cansativo, havia trazido a ela várias memórias boas, que acarretaram em pensamentos ruins. Se sentiatão mal, que nem conseguiria expressar aquilo a alguém. E, pior de tudo, ela não via motivos para se sentir mal àquele ponto. Chateada, talvez, mas não tão para baixo do jeito que estava. E sabia que se comentasse seu descontentamento com alguém, receberia apenas desinteresse de volta. Ela estava preocupada consigo mesma, e sabia que era a única nessa posição.
Não posso culpá-la ou dizer que estava errada. Eu mesma me situo em sua posição várias vezes. Acontece que eu a entendo. Entendo seu medo de solidão, acompanhado de um sentimento de estar sozinha o tempo todo. Entendo sua falta de lágrimas, e entendo o quanto isso a incomoda. Não me sinto no direito de julgá-la, não mesmo. Afinal, ela está certa. Porque confiar algo tão importante como seus sentimentos a qualquer outra pessoa? Pessoas sempre machucam, certo? É o que eu tantas vezes fui obrigada a aprender. Melhores amigos. Melhores amigos somem e se tornam colegas, melhores amigos somem e passam a desgostar de você, melhores amigos somem e continuam sendo chamados de melhores amigos, mesmo que suas atitudes não correspondam a tal título. Mas não são apenas os amigos os culpados, são? Nunca são. São também aqueles idiotas que por tantas vezes nos machucam, os tais dos interesses. Interesses de todos os tipos. Materiais, emocionais, físicos. Paixões? Paixões sorriem e quebram nossos corações, paixões choram e quebram nossos corações. Paixões, só de existirem quebram nossos corações. Sonhos? Ah, o que seria de nós sem eles? Eu acredito, honestamente, que estaríamos melhor sem eles. Sonhos existem apenas para serem destruídos ou esquecidos com o tempo. Ideias. Essas servem apenas para nos iludir e nos dar a esperança de que tudo pode um dia melhorar. Calma, calma, eu sei que a lista é grande, mas vale a pena entender antes de pensar em desistir, certo? Temos ainda os colegas. Colegas tais que um dia se transformam em amigos. Como podemos esperar que nos entendam, quando não estão em nossas posições? Como podemos esperar que lidem com nossos problemas quando nem mesmo nós conseguimos? Como podemos esperar que nos aguentem, quando nós mesmos temos, por diversas vezes, a vontade de mudar de vida, de personalidade?
Mas eu sei, e ela sabe também, que o sofrimento um dia tem que acabar. Pode até ser que algumas pessoas vivam em um conto de fadas, mas conosco nunca foi assim. Mesmo não estando em uma história encantada, nós também não vivemos em um filme de terror.

Então vamos, sozinhas, caminhando. Pelo menos enquanto ninguém muda nossa opinião, e nos mostra o melhor do mundo.