E então, ela estava chorando. Simples assim. Do nada,
sem motivo grande ou aparente. Ela só sabia que deveria sair correndo dali.
“Vou ao banheiro”. Sua desculpa típica. Ela não chorava por besteiras desde…
Desde quando mesmo? Ela não se lembrava da última vez em que tinha chorado por
besteiras. E aquilo era uma besteira, com certeza. Mas somada à turbulência que
agitava sua vida naquele momento, aquilo criou uma tempestade. Tempestade da
qual ela não poderia fugir. Ela esbarrou na porta que estava à sua frente e se
trancou lá dentro. Sentia como se estivesse trancando os sentimentos do lado de
fora. Era isso que ela fazia. Ela os trancava para evitar sentí-los. Ela sabia
que eles existiam, sofria com eles, mas não demonstrava. Nem para si mesma. Mas
aquele momento ela não aguentou. A gota d’água, ela poderia dizer. O menor de
seus problemas foi aquele que destrancou as lágrimas. E ela chorou, chorou,
chorou. Saiu pela porta e voltou ao encontro das amigas. “Prendi meu dedinho na
porta”. Isso explicaria os olhos vermelhos, se alguém reparasse. “Quem se
importa, mulher?”
Era
verdade. Quem se importava?