segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Valentina (2)

Nina (sim, mudei o jeito que quero te chamar),

Você nasceu há cinco dias. Tô com vontade de te escrever desde aquela madrugada, mas não consegui parar pra fazer isso em nenhum momento desde então. Acho que vou tentar te escrever em vários momentos pra isso se tornar um presente no futuro, o conjunto das várias cartas que eu te escrevo antes de você saber sequer entender, quem dirá ler. Veremos.
Seu nascimento foi um momento esperado com muito carinho, como você com certeza já sabe e como também te falei no primeiro texto que te escrevi. E você, preguiçosa, não queria de jeito nenhum abandonar o calorzinho da sua mãe pra vir pro mundo real. Todo mundo ansioso torcendo e apostando na sua data de nascimento (inclusive, eu fui a primeira a perder) e você lá, quieta, sem dar nem sinal.
Na noite do dia 4, quando a gente achava que ainda faltava pelo menos uma semana (porque era a previsão mais recente que a médica tinha dado), vem a surpresa. Sua mãe começou a sentir muita dor durante o dia e, quando eu fiquei sabendo, ela já estava no hospital. Seu pai me avisou que tinha ido pra maternidade e eu, que já estava até de pijama, voei pra encontrar sua avó e me juntar a ela na espera por notícias.
Não muito tempo depois, seus irmãos chegaram pra fazer companhia. Eram quase onze horas da noite e a gente já tinha percebido que você não nasceria mais no dia 4, e sim na véspera do aniversário de quinze anos da sua irmã. Por pouco vocês não compartilharam a data, hein? De perceber que passaria de meia-noite até saber que horas você ia nascer, foi uma jornada.
Eu trabalhei no dia seguinte (guiada basicamente a café e a técnicas de 'como se manter acordado mesmo com muito sono' encontradas no Google) mas já tinha plena certeza que te ver nos primeiros momentos da sua vida valeria a pena o esforço. Fui descobrindo a programação da madrugada da Globo, porque era o que tava passando na sala de espera do hospital.
Em um certo momento, nó 4 (eu, seus irmãos e sua avó) começamos a sentir muito frio nas cadeiras de aço inox da maternidade. Resolvemos esperar no carro, que era mais quentinho. Já acomodados, recebemos uma notícia do seu pai dizendo "começou a fazer força". E olha, quanta força sua mãe fez! Das 2:17 que ela começou a empurrar, resolvemos apostar (de novo) que horas você nasceria. Seu irmão chutou 2:22. Sua avó, 2:25. Eu apostei em 2:30 e sua irmã, pro desespero de todos, em 3:00. Explicamos pra ela que uma hora empurrando era tempo demais, que sua mãe ia sofrer, mas ela nem tchum. Não quis mudar o palpite. E não é que você superou até esse tempo tão grande que ela sugeriu? 3:13 você nasceu. 3:17 seu pai avisou. 3:26 vimos seu pai vindo atrás da enfermeira que trazia você no carrinho até o berçário.
E que bebê linda você é, Nina! Provavelmente vou te dizer isso muito durante a vida, mas quero deixar aqui registrado: você não nasceu com cara de joelho. Não mesmo. Já nasceu rosadinha, com a bochecha super linda e cheia de feições. Pra mim, não parece nem a sua mãe nem o seu pai. Você parece você mesma. E eu amo isso em você.
Desde então, já fui te visitar na maternidade e na sua casa. Você adora mamar (sério, o tempo todo. Até quando não tem mais espaço dentro de você) e dormir, como todo bebê saudável (que é o que você é). Tomara que curta meu colo, porque tô louca pra ficar carregando você pra um lado e pro outro.
Muito ansiosa pra ver os próximos passos.
Mil beijos,
Paula

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Desabafo

Hoje foi um daqueles dias, sabe? Não particularmente ruim, mas muito (muito mesmo) atolado e cansativo. O trabalho foi INTENSO demais e eu não parei nem por um segundo. Fiz hora extra e tudo. Na hora que eu consegui finalmente pegar o ônibus pra casa, percebi que se hoje fosse dois meses atrás, eu mudaria qualquer plano que tivesse para a noite só pra poder ganhar seu colo. Iria correndo pra sua casa, abriria a porta com a minha chave e me jogaria nos seus braços pra me sentir totalmente renovada. Você tem essa capacidade. Foi um daqueles dias, também, bem no estilo em que eu imaginava o nosso futuro. Um chegando em casa exausto e o outro fazendo todo o possível pra compensar o peso da rotina.
Nada disso existe mais.
Não tem mais a gente.
Não tem mais colo.
Não tem mais futuro.
Dói tanto.

Não tem um dia sequer em que eu vá dormir sem pensar na angústia que é não te ter mais como parceiro.
Você faz muita falta.
Espero que saiba.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Ex

Eu ainda amo meu ex.
Eu ainda lembro com carinho
Da dancinha da vitória que ele fez
Depois do nosso primeiro beijo.

Eu ainda penso no meu ex.
Ainda me aquece o coração a lembrança
Dele indo me buscar
No primeiro dia de um trabalho novo.

Eu sinto falta do meu ex.
Quero de volta o colo que ele me deu
Quando eu reprovei na auto-escola
E nem namorando a gente tava ainda.

Eu quero de volta o meu ex.
O nosso primeiro dia dos namorados,
O aniversário de um ano da gente,
A presença dele em todos os momentos.

Eu perdi o meu ex.
E não só porque ele terminou comigo.
Mas porque aquele homem
Que era o meu namorado
Não parece mais existir.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Tchau

Quero falar sobre o Pedro. E vai doer mais do que qualquer outra coisa que eu já falei, porque vai ser a primeira vez que eu falo sobre o Pedro sem ser para o Pedro. O Pedro foi meu primeiro namorado. Ele apareceu num momento delicioso da minha vida, e completou um cenário em que literalmente tudo tava dando certo. Mas talvez essa minha percepção tenha muito a ver com o fato de que ele não deixava eu sentir nada além de felicidade. A presença dele era mágica assim, mesmo.
O Pedro foi meu primeiro um monte de coisa. Ele me apresentou um monte de mundos novos e me fez mais feliz do que eu achava que conseguia ser. Ele me deu os melhores presentes, me abraçou nas noites mais frias e me amou de um jeito que ninguém antes tinha amado. Ele apareceu com coxinha, brownie e sorvete na minha casa, tudo de uma vez só, simplesmente porque eu não conseguia decidir do que eu sentia mais vontade. Ele acordou antes do sol pra fazer almoço pra eu levar pro trabalho. Ele segurou a minha mão todos os dias. Me deu força. Me inseriu na família dele e se inseriu na minha. Todo mundo amava a gente junto. Até ele não amar mais.
 Foram exatos dois anos entre a primeira vez que a gente foi ao cinema e a última. Foram exatamente dois anos, também, entre a primeira e a última vez que ele disse que me amava. Em 2016, com sinceridade, do fundo do coração. Ontem, porque eu pedi pra ele mentir pra mim só essa vez. Me pergunto se dois anos é o tempo limite em que eu consigo me manter amada.

domingo, 15 de julho de 2018

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Valentina

Rio de Janeiro, 18 de junho de 2018

Tina (decidi que é assim que eu vou te chamar),
Não sei quanto tempo vai se passar entre hoje e o dia em que você vai ler isso. Não sei nem se eu vou de fato lembrar de um dia te mostrar isso, mas espero que sim. Acho que você vai gostar de saber como já era aguardada. Vamos lá: ficamos sabendo sobre você ontem. Por “ficamos” eu quero dizer eu e seus irmãos. Seus pais demoraram bastante pra contar a notícia pra gente, acredita? Imagino que a gente já vai ter te contado essa história até você ler isso, mas sei lá, quis falar. É que você tá chegando na família no meio de um turbilhão meio louco, que eu espero que você já tenha idade suficiente pra entender. Mas não se engana, isso não significa que você é menos amada ou esperada. Tô louca pra saber como você vai ser, sabia? Confesso que não quero ser um daqueles adultos que projeta as próprias expectativas em bebês próximos, mas espero que pelo menos você goste de ler. Pode curtir videogame pra agradar o seu irmão e esportes pra acompanhar a sua irmã, também. Mas eu vou enfiar livros nessa sua cacholinha linda desde o primeiro momento possível, pra que você possa ter um pouquinho de mim, também.
Não faço a menor ideia de como vai estar a nossa vida no futuro (que você vai chamar de presente). Pra ser bem sincera, eu não sei nem se vou estar presente na vida da sua família. Espero muito que sim. Torce pro seu irmão continuar me amando como eu o amo, tá? E eu torço pra você um dia se sentir amada assim. Um amor gostoso que preenche e completa os sentimentos. Espero que a gente seja próxima, mesmo com essa distância enorme entre as nossas idades. Será que eu vou conseguir acompanhar bem de pertinho o seu crescimento, como é a projeção de agora? Já imagino seus pais deixando você comigo e com o seu irmão por umas noites pra eles poderem se curtir um pouquinho. Vou fazer de tudo pra que esses momentos sejam divertidos, tá? E, depois, com você crescendo, espero que você me tenha como um porto seguro pra conversar sobre qualquer assunto. Eu meio que já tento exercer essa função com a sua irmã, também. Ela é a adolescente mais madura e maravilhosa que eu já conheci, tomara que você puxe isso dela. E aprenda com o seu irmão a rir da vida e levar as coisas com mais leveza.
Do jeito que o mundo tá agora, Tina, eu tenho até um certo medo pelo seu futuro, sabe? Mas pode deixar que to fazendo tudo ao meu alcance pra que você encontre um espaço seu, onde haja respeito, afeto e onde você consiga se sentir livre. Tá difícil, mas a gente tá indo em pequenos passos. E se tudo der certo, você vai crescer já somando a esse movimento.
Espero que a sua vida seja maravilhosa até o ponto em que você ler isso, e que continue sendo depois. Já te amo, tá? Imagina daqui a uns anos quando você realmente estiver entre nós.

Mil beijos da sua cunhada - que você poderia até chamar de tia, mas espero que chame só de Paula.