quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Ligação

Com os olhos já inchados após tantas lágrimas escorridas, ela resolve, finalmente, ligar para ele. havia ponderado por muito tempo para tomar tal decisão, e estava completamente certa do que falaria.
- Eu já não te disse que preciso de um tempo para pensar?
- Por favor, me deixe falar. Eu não estou ligando para o meu namorado, ou ex, nesse momento. Não. Há um minuto eu peguei meu antigo aparelho de telefone - aquele que eu tinha antes de começarmos a namorar, lembra? - coloquei o chip e procurei na agenda o contato “irmão”. Liguei para esse número, o que me garante que, agora, estou falando com o meu melhor amigo. Aquele que me escutava mesmo quando eu estava insuportável, aquele que queria o meu bem e deixava isso extremamente claro…
- Mas, Han…
- Eu quero falar, posso? Eu peguei o telefone, depois de muito chorar, porque eu percebi a falta que o meu melhor amigo fazia nesse meu momento de tristeza. Eu percebi que era do abraço dele que eu precisava, das piadas bobas dele tentando me fazer sorrir, mesmo quando tudo o que eu quero no mundo é chorar até não sobrar uma gota sequer de água dentro de mim. Por isso eu resolvi ligar para você. O você de antes, o que me chamava de irmãzinha e implicava com o meu cabelo. E, Dougie, foi isso que eu fiz. O que quero te contar agora é sobre o garoto que partiu meu coração. Não, perdão. Ele não fez nada de errado. A culpada da história fui eu, mais uma vez. Quem criou expectativas, esperanças e depositou fichas nesse relacionamento fui eu. Lembra, Doug, como eu sempre me precipitava sobre todos os garotos dos quais gostava, e acabava quebrando a cara no final? Pois então, com esse eu achei que seria diferente. Sim, mais uma vez. Você deve estar rindo da minha ingenuidade agora, não é mesmo? O que está usando para tampar o telefone?
- Você me disse que queria falar.
- E quero. Muito obrigada. Então, como eu disse, mais uma vez eu depositei esperança demais em algo do qual eu não tinha garantias. Acreditei profundamente nesse amor que eu sinto por ele, e achava que seria suficiente. Mas, adivinha, Doug? Não foi. De novo. Ele nunca me garantiu nada, sabe? Nunca disse que tinha certeza do que sentia por mim do mesmo jeito que eu confiava profundamente no que sentia por ele. Mas por mim estava tudo bem, eu não me importava, contanto que o tivesse ao meu lado. Pelo menos, eu achava que assim seria. Mas não aconteceu. Mais uma vez eu estava errada sobre a minha pessoa. Sabe, Dougie, é impressionante o quanto você conhece de mim. Tenho certeza que, se eu tivesse contado isso a você com essas palavras antes, você teria me advertido do final, não é mesmo? Então, Doug… Eu o amo. Muito. No entanto, não acredito que haja reciprocidade. Apesar de ele ter me garantido que me ama, eu tenho medo. Medo de que o amor dele não seja o mesmo que o meu. Ah, Dougie, não sei o que fazer. Sei que estou sendo imbecil mais uma vez, mas eu não quero perdê-lo.
- Vou ter que desligar.
- Porque, Doug? O que aconteceu?
- Preciso dar uma lição em um idiota que machucou o coração da minha irmã.
- Pare de palhaçada, seu bobo.
- E, enquanto eu faço isso, você me faz um favor?
- Sempre.

- Destroque o aparelho do telefone. Algo me diz que um tal “amor” quer falar com você.